Entrar em um espaço com crianças da Educação Infantil é sempre uma experiência desafiadora e transformadora. Podemos escutar risadas, vozes cheias de argumentos e perguntas, além de perceber olhos curiosos, mãozinhas ágeis e todos os sentidos aguçados.
Porém, conforme as crianças vão crescendo, os espaços que ocupam nas escolas vão se tornando mais silenciosos, com menos oportunidades de experimentar. Elas deixam de ter interesse, param de perguntar e, muitas vezes, limitam-se a responder às perguntas que fazemos.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nos lembra que a formação integral do sujeito começa na Educação Infantil e termina no terceiro ano do Ensino Médio.
Ao longo desse tempo, o estudante deverá desenvolver uma série de habilidades, que se organizam de modo progressivo e crescente, culminando no desenvolvimento das competências esperadas para sua formação.
Se a formação do estudante é resultado desta progressão e deve ser garantida por meio de ações integradoras ao longo dos anos, por que então os segmentos não se conversam, não buscam ações integradas e não contam com um trabalho progressivo para o desenvolvimento das habilidades e competências?
Um primeiro ponto para conseguirmos atingir esta meta é oportunizar espaços de diálogo entre as equipes docentes de todos os segmentos para discutir como as áreas do conhecimento são trabalhadas em cada grupo.
Além disso, podemos buscar caminhos para garantir a progressão e a aprendizagem. Veja como:
O próximo ponto de destaque e reflexão é como o universo de organização da Educação Infantil deve ser estendido para os demais segmentos. E aqui falamos de entendermos como a aprendizagem acontece.
A Educação Infantil é organizada em campos de experiência, a fim de oportunizar vivências significativas, em que a criança é convidada a participar, dar sua opinião, usar múltiplas linguagens para se expressar e trocar suas percepções de mundo com seus amigos.
Os espaços de aprendizagem favorecem as experimentações com objetos, cenas, materiais e formação de grupos.
As perguntas, no entanto, são os disparadores para a construção das aprendizagens. Ao professor e professora, cabe estimular essa curiosidade e trazer outras novas questões.
O aprender torna-se útil e ajuda a criança a resolver seus desafios e a comunicar-se com o mundo. Já os projetos desenvolvidos, oportunizam a criatividade, a resolução de problemas e o trabalho em equipe.
Nesse cenário, o educador deve planejar as cenas de aprendizagem, observar as falas das crianças, refletir e traçar novas possibilidades que colaborem para o processo de cada estudante.
Estas são algumas das situações relevantes, importantes e significativas para nos inspirarmos e fazermos com que o pleno desenvolvimento do estudante realmente aconteça.
A escola que oportuniza estas possibilidades, torna-se lugar de propor aprendizagens reais e criativas, e não mais um local de valorizar a memorização e a repetição de modelos. A aprendizagem ocorre quando transforma o sujeito e lhe dá ferramentas para transformar sua realidade e o meio em que está inserido.
Inspirar e respirar a Educação Infantil para construir os caminhos de aprendizagem dos demais segmentos, inclusive o Ensino Superior, é entender que estes novos tempos necessitam de pessoas que tenham a pergunta como caminho para aprender, o olhar inquieto de quem busca novas soluções para os problemas, lida com conflitos, orgulha-se do que aprende e torna útil este saber.
Não há tese de doutorado que supere uma criança que coloca as mãos na cintura e diz convicta ao adulto: “você sabia…”. Essa é a certeza de quem perguntou, levantou suas hipóteses, experimentou, concluiu e, agora, compartilha este saber.
Fica aqui o convite para visitarmos a Educação Infantil, ouvirmos as experiências que ali ocorrem e buscarmos transformar nossa prática.
Que possamos, como nos convida a BNCC e as necessidades destes novos tempos, oportunizar aprendizagens criativas, significativas, relevantes e práticas, mantendo o olhar curioso de nossos estudantes e sua participação ativa.
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